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Qualidade: palavra-chave do IV Encontro Nacional das Residências 

 

Residentes, preceptores, tutores e coordenadores de programas de residência de todo o País estão reunidos em Recife (PE) desde a noite de terça-feira, 2 de dezembro, para o  IV Encontro Nacional de Residências em Saúde. No evento, que se propõe a ser um fórum de debate sobre as residências como estratégia de educação permanente para o fortalecimento do SUS, a palavra mais pronunciada foi “qualidade” e a expressão mais comum, “padrão ouro na formação em serviço”. Mas, embora a maioria considere que houve progresso nos últimos seis meses, a partir da retomada dos trabalhos da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS), o consenso entre todos os segmentos é que muitos desafios ainda precisam ser vencidos.

 

Durante a solenidade de abertura, a representante do Fórum Nacional de Residentes, Daniela Minelli, fez um discurso contundente e muito aplaudido em defesa da qualidade: "Queremos mais qualidade. Qualidade na formação, com carga horária de 44 horas, contra a precarização da formação; na preceptoria e tutoria, com valorização destes atores e tempo para o desenvolvimento de suas atividades; na regulamentação de cursos e na certificação, com características distintas e peso diferenciado nos concursos; e qualidade dos serviços prestados, sem mercantilização."

 

O discurso foi reiterado por Giovani Kuhn, também representante dos residentes, em sua fala na mesa de abertura do encontro. Ele lembrou que desde a 8ª Conferência Nacional da Saúde, de 1986, discute-se o acesso aos serviços de saúde. “Chega de debater o acesso. Esta na hora de discutirmos sobre qualidade.” Para ele, a redução das 60 horas é uma mudança inegociável e essencial à qualidade. Giovani Kuhn também criticou duramente a "privatização" do SUS, por meio do repasse de recursos a hospitais privados e filantrópicos, dos contratos de gestão com organizações sociais e a criação de fundações para gerir hospitais privados.

 

Pelo Conselho Nacional de Saúde, o residente de Farmácia em Saúde Mental, Dalmare Anderson conclamou os presentes a se mobilizarem para a 15ª Conferência Nacional de Saúde, que será um importante fórum de discussão e reivindicação para todos que brigam por uma assistência à saúde pública de qualidade. “Estou aqui representando o Conselho Nacional de Saúde, do qual faço parte como representante Associação Nacional dos Pós-Graduandos, e o controle social é muito sensível às causas que apoiamos. Assim, é importante a nossa participação na Conferência.”

 

O secretário executivo da CNMRS, Odorico Coelho da Costa Neto, lembrou que vários eventos relacionados à residência foram realizados desde o ano passado. “Parafraseando o nosso ex-presidente, nunca na história deste país se discutiu tanto a residência em saúde como agora. Está claro que a residência é um fator indutor de mudança para a qualidade dos recursos humanos (RH) e do atendimento aos usuários, mas temos ainda muitos desafios pela frente. Algumas demandas serão remetidas aos Ministérios da Saúde e da Educação, outras serão resolvidas internamente, pela própria CNRMS, mas faremos todo o possível no sentido de caminhar para o padrão ouro de formação de RH no SUS.”

 

A representante do MEC, Sonia Regina Pereira, afirmou que o órgão pactua com a preocupação com a qualidade, amplamente manifestada na solenidade. Ela lembrou que a expansão vivenciada pela residência nos últimos anos foi gigante. De cerca de mil bolsas em 2009 para quase 7 mil em 2014. “Esse crescimento, de 700% foi importante, mas trouxe muitos problemas, que, agora, precisamos resolver. Espero que tenhamos competência e agilidade para atender, senão todas as reivindicações, as que forem possíveis. Temos de pensar em uma residência que dure e que seja de qualidade.”

 

Para o diretor do Departamento de Planejamento e Regulação da Provisão de Profissionais da Saúde Gestão da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Felipe Proenço, 2014 foi um ano de rearticulação da residência. Ele destacou os ganhos acumulados no período e o fato de que a residência chega a 2015 com uma agenda definida para a sua viabilização, de fato. O IV Encontro Nacional das Residências em Saúde continua até sábado, 6. À tarde desta quarta-feira, dia 3, será dedicada ao debate sobre privatização do SUS. 

 

 

 

Fonte: Comunicação do CFF

Inserida em 03 de dezembro de 2014

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